Mathias Ariel Jaimes Argentino, romântico e sonhador
Related Articles
Ser amigo da sabedoria significa assimilar, adotar ideias e conceitos como parâmetro de vida? É possível adotar uma visão da filosofia como “arte de viver” hoje em dia? Qual a distância entre filosofia acadêmica e filosofia concreta, de ação (“arte de viver”)?
Sendo uma arte reflexiva e complexa, a filosofia é totalmente contraditória ao ponto de “se criticar” e duvidar de si mesma. Nas tentativas de encaixar a prática filosófica em determinados campos ou caraterísticas é inútil: nela existe ausência de concordância. Assim como há diversos filósofos, há diversas filosofias: “há tantas filosofias quanto filósofos”.
O que é ser “filósofo”? Em relação ao que é um filósofo Matoso e Silva cita as caraterísticas principais de diferentes filósofos que se diferenciam de um “indivíduo qualquer” na exposição e defesa aberta dos seus conceitos e ideais. Assim, existe uma distância enorme entre Sócrates, por exemplo, e um particular qualquer que tem “conceitos formados” e a partir dele reage diante de determinadas situações. Os filósofos procuram desenvolver uma exposição intencional de suas “filosofias de vida”, particulares simplesmente agem diante de acontecimentos diversos.
Inquietação e persistência são marcas caraterísticas de filósofos assim como a procura constante da própria visão pessoal do mundo, focado sempre no antropocentrismo: o “homem”. A condição humana é o tema principal da exposição intencional de filósofos.
Existem dois sentidos antagônicos no que diz a filosofia “per se”. Existe a “filosofia acadêmica” e a “filosofia estilo de vida”.
A “filosofia acadêmica” se limita a ser uma disciplina ensinada dentro da estrutura de Instituições de Ensino limitando-se ao campo de estudo: leituras e interpretação de textos, prática de argumentação e, em alguns casos, debate oral sobre determinado assunto. O seu objetivo é principalmente uma abordagem dos diferentes “problemas filosóficos” do homem como: origem, sentido, objetivo, realidade, fim.
Esta “filosofia acadêmica” utiliza constantemente a “tradição filosófica” como ponto de partida, ou seja, o registro de obras de outros filósofos (contemporâneos ou da antiguidade).
A “filosofia arte de vida”, ou visão do mundo, tem a ver com atitudes e formas de agir dos filósofos diante determinada situação. Podemos afirmar que “arte de viver” é uma filosofia de ação que determina uma conduta de vida, um estilo.
Nas palavras de Thoreau “há muitos professores de filosofia e poucos filósofos (…) ser um filósofo não é meramente ter pensamentos sutis mas amar tanto a sabedoria a ponto de viver de acordo com seus deitames. É resolver alguns dos problemas da vida, não apenas teoricamente, mas praticamente”.
Na antiguidade, a “arte de viver” visava modificar a vida dos seus praticantes buscando a paz interior e liberdade. “Arte de viver” busca controle daquilo que o homem tem acesso e pode manipular desde o começo: o seu “eu” interior. O indivíduo é o material principal deste tipo de filosofia prática e atuante visando liberdade, felicidade, imortalidade dependendo de crenças, culturas e contexto histórico.
Mesmo sem definir de forma concreta e empírica o que é “viver melhor”, esta filosofia, segundo Matoso e Silva, busca melhorar a vida das pessoas que a praticam pois depende do temperamento e atividade cultural do filósofo praticante. Pouco se diz sobre o que é, na prática, a “arte de viver”, quais exercícios envolve, como inicia e se traz algum tipo de benefício concreto para a vida dos seus praticantes porém admite não se restringir à aparelhagem de Instituições de Ensino.
