O diálogo e a comunicação no século XXI

Uma das principais caraterísticas do “homo luquens”, o ser humano como ser de comunicação, é a utilização da linguagem com o objetivo de transmitir emoções, ideias e sentimentos. Pela linguagem o homem mostra quem é, se manifesta, registra suas experiências para gerações futuras e passa do mundo da sensação para o mundo da representação e formação de conceitos. Entre as diferentes formas de comunicação o diálogo é um tipo particular de comunicação interpessoal onde procura-se chegar a uma posição em comum, concordada e mutuamente satisfatória. O diálogo tende a unir as pessoas. Na Grécia Antiga, Sócrates desprezava a escrita e colocava o diálogo acima de qualquer outro meio de comunicação na busca do saber, conceito quase impossível hoje em dia onde a comunicação flui entre aplicativos de celular a redes sociais pelo computador.

Como ser racional o homem estende suas virtudes naturais criando armas e aparelhos indispensáveis para a sua sobrevivência e, se tratando de um ser social, encontra na comunicação a sua melhor arma de organização em grupo. Conforme os grupos vão crescendo e ocupando áreas cada vez maiores surge a necessidade de comunicação a longa distância via carta, telegrama, telefone até os dias de hoje.

Sabendo que o mundo humano e suas relações é um mundo de símbolos podemos afirmar que a partir da chegada de smatphones ao mercado novos símbolos, junções de palavras, “memes” e abreviaturas deu um novo impulso na forma de se comunicar entre pessoas e grupos independente de cidade, país ou continente. Esta nova sociedade virtual se envolve em debates diversos em torno de numerosos assuntos e conceitos pre-elaborados onde todos os participantes tem acesso a informações de forma instantânea e de qualquer lugar do mundo. Os membros desta sociedade virtual estão em constante movimento obtendo e compartilhando qualquer tipo de informação, de qualquer lugar, de forma diversa.

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A internet é definitivamente o meio de comunicação por excelência do século XXI. Nas redes sociais em geral as pessoas pouco se importam com os fatos, o importante são as opiniões, principalmente e essas confortarem sua ignorância. O que mais enxergo em opiniões sócio-políticas é o argumento baseado na manchete da notícia. Poucos apreciam a notícias na íntegra.

Liberdade significa escolha

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Desde o momento em que nascemos alguém é sempre responsável pelo que somos e fazemos. Segundo Jean Paul Sartre “mesmo que o homem sempre esteja situado em determinado tempo ou lugar. Não importa o que as circunstancias fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”. Para entender este conceito de “regras impostas” podemos começar citando a língua que aprendemos ao nascer. “Recebemos” uma língua por imposição e começamos a falar e tentar entender por repetições e imitações. Não existe uma língua própria e individual e sim um conjunto de signos pré-existentes repassados de geração em geração. Acredito que a liberdade começa a partir do momento que começamos a utilizar nossas próprias expressões, nossas palavras, neologismos.

Escolha é a palavra-chave para definir a liberdade. Em algum momento da vida temos que ser responsáveis pelo que somos, pelas nossas escolhas. Somos o único ser vivo que decide, escolhe e julga.

Uma vida em liberdade requer coragem até para quebrar paradigmas impostos.

A vida que levamos pode ser tranquila, sem sobressaltos nem sustos porém monótona. Acordamos, trabalhamos, estudamos e voltamos para nossos lares sem nada novo, sem ter produzido nada novo nem para nós nem para os outros. Não seria bem mais interessante a revolta com o “modus vivendis” diário? A liberdade exige muitas vezes de uma mudança de rumo, radical ou progressiva, como a separação de um matrimônio que não está dando certo, a renuncia a determinado emprego, a mudança de curso na faculdade e até com escolhas simples como assistir determinado programa de TV ou adotar hábitos saudáveis. “Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada”, cita Clarice Lispector em “A Realidade Transfigurada”.

A liberdade entende que somos proprietários de nós mesmos. Negar esta liberdade pessoal dá a entender que outras pessoas tem mais direitos do que a gente. Liberdade sempre está ligada a possibilidade de sermos responsáveis pelos nossos atos.

Uma coisa é certa. É a partir do momento que decidimos viver em liberdade que podemos, ou não, estar sozinhos. Esta busca pela verdade pessoal começa dentro da gente e requer um ambiente de silêncio e paz para decidir novos rumos. Precisamos coragem para enfrentar essa solidão de não pertencer a grupos ou comunidades que encaram os mesmo caminhos diariamente.

Claro que existem limites em nossas escolhas. A liberdade é uma decisão do ser humano. Podemos fazer de tudo porém estabelecendo limites e parâmetros para uma boa convivência em sociedade. A pergunta talvez seja como podemos ser livres e éticos? Como podemos viver e conviver sem coibir a liberdade de outros? Como sabemos se estamos sendo eticamente livres?

Ser eticamente livre significa tender para o lado do bem, entendendo que existem valores e comportamentos para o bem ou para o mal da comunidade. A nossa escolha entende um destino que será a nossa responsabilidade. Você deve sempre fazer sua própria escolha sabendo que arcará por elas. Toda liberdade implica escolha, e não há escolha sem responsabilidade.

O homem como ser social e ocupação de espaços públicos

Não acredito na negação homem enquanto ser social. Concordo em que existe uma parcela da sociedade que se aproveita da falta de controle e fiscalização das autoridades para destruir ou danificar elementos ou espaços que são comuns a todos os cidadãos. O ser social é o protagonista responsável de “virar a página” desta triste realidade, deste confronto “lar – rua”.

Há um tempo atrás estudei a teria da “janela quebrada” de James Q Wilson utilizada em New York pelo prefeito Giuliani. A teoria diz respeito aos espaços públicos e foi realizada no primeiro momento no metrô da cidade. O teórico colocou dois carros fechados em dois bairros antagônicos: Harlem (na época um dos mais perigosos), e Palms Springs (de classe alta). O carro de Harlem foi roubado na noite em que foi colocar, o de Palms Spings amanheceu intacto. Num segundo momento foram colocados os mesmos carros, nos mesmos locais porém com as janelas quebradas. Ambos carros foram roubados assim que o número de pessoas no local foram diminuindo.

A teoria mostra o cuidado que tem que deve feito em relação aos bens públicos. O gestor é responsável por cuidar de logradouros em comum assim como de fiscalizar, proteger e cuidar com diferentes meios como patrulhamento, câmaras de segurança.

Existe hoje uma tendência a valorizar espaços públicos com eventos e atividades sazonais como feiras, encontros artísticos, festivais itinerantes e festas de rua. O objetivo é justamente “tirar” o homem de dentro de casa e promover interações com pessoas “indiferenciadas e desconhecidas, podemos dizer que os indivíduos não têm nome nem face”. A sensação de segurança vai além de ações repressivas e sim na ideia de “ocupação de espaços públicos” por parte da população para evitar, justamente esta “espécie de combate entre o mundo público da rua, das leis universais e do mercado com a casa, família, compadres, parentes e amigos”, como cita Ilcea Barbosa em seus textos sociológicos.

“Homo Vivens”. Origem da Vida na Terra

Diversos arqueólogos afirmam que a vida surge na Terra há mais de 3 mil anos a partir de diversos fósseis encontrados em todo o mundo, principalmente na África da Sul.

Nos primeiros momentos de vida humana em sociedade o homem acreditava na teoria do “Criacionismo”, ou seja que toda vida no planeta era obra de Deus, ou um ser superior. Esta teoria procurar certa lógica a partir de ensinamentos bíblicos: “a Gênese”.

Segundo a “Abiogênese”, ou “Geração Espontânea” a vida era resultado da ação de um princípio ativo sobre uma matéria sem vida, na qual se tornava animada. Exemplo: coloque carne exposta durante algum tempo e dai surgiram moscas “espontaneamente”. Esta teoria (simplista), perdurou até o começo da era moderna onde o naturalista Franciso Redi provou com diversas experiências científicas que todo e qualquer organismo vivo surge a partir de outros seres vivos e nunca por “Geração Espontânea”.

O cientista francês Louis Pasteur deu fim a “Geração Espontânea” com uma série de experiências científicas que provou que todos os microrganismos se formavam a partir de qualquer tipo de partícula sólida, transportada pelo ar. Pasteus provou a teoria da “Biogênese”, ou seja que a vida surge de outra vida preexistente.

Surge a pergunta que alimenta dúvidas e mais dúvidas: “se os seres vivos se originam de outros seres vivos preexistentes, então como surgiu o primeiro ser vido?”

Surge a partir de estudos de físicos suecos a teria da “Panspermia”, ou “Vida Fora da Terra”. Segundo eles a vida na terra a vida teria sido originada a partir de esporos impelidos por uma energia luminosa do espaço exterior.

Na teoria da “Evolução Química”, ou “Evolução Molecular”, a vida na superfície terrestre teria sido originada a partir de uma evolução química de compostos inorgânicos que foram se combinando com o tempo até originar moléculas orgânicas.

Na era moderna, o naturalista britânico Charles Darwin dá início a teoria “Evolucionista”, segundo a qual a evolução das espécies se dá por meio de seleção sexual e natural. Segundo Darwin apenas os mais aptos sobrevivem de forma favorável e na luta pela sobrevivência a natureza favorece os seres mais bem adaptados ao ambiente.

“A Vida”. Qual o sentido, razão e função da existência?

Vivemos momentos fúteis, prendendo-nos a coisas que nos parecem importantes e que são, na maioria das vezes, convenções impostas por uma sociedade materialista individual.

Precisamos momentos de silêncio e calma que tem a ver com questionamentos: qual a razão de continuar escalando? Esta escalada é realmente o sentido, destino e fim das suas vidas?

Seguimos o caminho dos nossos pais sem questionar, assim como nossos filhos seguem o nossos até chegar alguma geração que questione este caminho e mude o rumo, entendendo que a vida pode ser diferente. O caminho que escolhemos, uma trilha complicada, difícil e exaustiva que pode nos dar momentos de felicidade quando tiramos o pé do acelerador aproveitando o essencial da vida.

Não podemos dar as costas ao trabalho de gerações e gerações e que nós, enquanto seres que vivemos inseridos numa sociedade, temos obrigação em dar continuidade com a nossa pequena colaboração. O totem, assim como a vida, é eterno.

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A “Metafísica” de Aristóteles: conceitos de não contradição e substância

Apontada como a “a filosofia primeira” a ciência do ser investiga o conceito do que é ser, a existência, seu origem e tudo que há em comum entre os seres. Esta ciência estuda o ser e suas caraterísticas próprias como um todo. Os autores apontam que é a vida é a caraterística comum a todos os seres biológicos: “assim como tudo que é saudável refere-se a saúde, alguns por preservá-la, alguns por produzi-la, alguns por serem rinal da saúde e outras por serem capaz de recebê-la, ou como ‘medicinal’, em relação à medicina”.

Aristóteles concebe a ideia do ser como a origem de tudo, definindo que todas as coisas são seres e a partir dai surgem conceitos que definem e classificam como por exemplo a zoologia que estuda os animais.

Os autores criticam uma lacuna existente a partir desta ciência do ser em Aristóteles exigindo classificação secundária. “Aristóteles pode ter achado suficiente sua explicação para o novo tipo de unidade, ou, simplesmente, pode não ter conseguir estabelecer, efetivamente, este tipo de unidade”.

Segundo os autores, Aristóteles objetiva a partir da ciência do ser, o sentido original de todos os seres, investigando, através da filosofia, os conceitos mais básicos dos seres, ou seja, aqueles que não dispõem de conceitos anteriores. Diz Aristóteles: “cabe ao filósofo investigar os princípios silogísticos. Pois convém que aquele que mais conhece sobre cada tipo de coisa seja capaz de estabelecer os princípios mais certo de todos (…) aquele que é impossível enganar-se porque é necessário que tal princípio seja o mais conhecido (…) e que não seja hipotético”. Este “princípio impossível de enganar-se e não hipotético” para Aristóteles não apresenta conceitos anteriores, é a origem de todas as coisas.

A partir deste conceito original, Aristóteles tenta provar que mesmo existindo contradições, “não podemos acreditar nelas”. Os autores colocam exemplos em atividades físicas e intelectuais. “não podemos acreditar que Sócrates está sentado e não está sentado. Podemos atestar que Sócrates é competente em lógica e incompetente em biologia. Mas não podemos conceber que sobre o mesmo aspecto, Sócrates é competente e incompetente”.

Os autores lembram que a filosofia tem como caraterística principal a busca pela verdade, através de conceitos básicos portanto “o princípio da contradição não pode ser provado por demostração, já que é o princípio mais básico de todos”. O objetivo é encontrar este conceitos básicos que não contam com conceitos anteriores nos quais se apoiar. Aristóteles prova que se bem não pode haver prova de demostração de tudo, “é possível refutar aqueles que negam o princípio da não contradição”. A ideia de Aristóteles é não perder tempo numa discussão sobre o princípio da não contradição para não cair num círculo vicioso.

Para evitar a discussão da não contradição os filósofos precisam compreender com rigor todas as noções lógicas e filosóficas para chegar sempre ao princípio mais básico de todos, a substância, ou seja a caraterística de um objeto que não pode ser mudada. Para Aristóteles a substância é a caraterística primeira de cada ser, a sua origem e essência.

“Física” de Aristóteles: conceitos de matéria e forma

O livro “Física” de Aristóteles não estuda os mesmos assuntos da física como a vemos de hoje em dia. “Física” aborda as primeiras causas da natureza assim como conceitos centrais para entender o mundo que nos rodeia como natureza, mudança, lugar, espaço, tempo, infinito, etc.

Em “Física”, Aristóteles afirma que todo objeto é composto por matéria e forma além de passarem por mudanças pois todas as coisas do mundo mudam de algo anterior para algo posterior. Assim sendo matéria é o que permanece intacto no processo de evolução e forma é aquilo que se modifica.

Quem era Aristóteles? Breve resumo da sua vida

Filho de médico do rei da Macedônia, Aristóteles viveu entre os anos -384 e -322 a.c. Estudou na Academia em Atenas onde se tornou discípulo de Platão. Aristóteles ficou na Academia por 20 anos, primeiro como aluno, depois como professor responsável até a morte de Platão.

Após o falecimento do seu mestre, Aristóteles deixa Atenas e volta para sua terra natal onde é contratado pelo rei Felipe da Macedônia para ser professor particular do, então príncipe, Alexandre o Grande, maior líder militar da Antiguidade.

Depois de finalizar seu trabalho com Alexandre, Aristóteles retorna à Atenas onde funda o Liceu, dando continuidade ao trabalho de sua vida. No Liceu, Aristóteles pesquisou até o cansaço todo o conhecimento do mundo físico além de produzir tratados de lógica, metafísica, física, ética e ciências naturais.

Aristóteles voltou à Atenas e fundou sua própria escola, o Liceu, onde deu continuidade ao trabalho de sua vida. Fez observações cuidadosas, colecionou espécies, resumiu e classificou todo o conhecimento existente do mundo físico. Sua abordagem sistemática foi tão influente que mais tarde evoluiu para o método científico básico empregado no mundo ocidental.

Diante da morte de Alexandre e sabendo da rivalidade entre Atenas e Macedônia, Aristóteles decide passar os últimos dias da sua vida num ilha, no mar Egeu.

O debate segundo Aristóteles

“Pode-se refutar com a força demonstrativa até mesmo que isso é impossível, se apenas o oponente dizer algo com sentido. Se ele não falar nada, é ridículo argumentar contra quem não raciocina, exatamente porque não raciocina. Pois alguém assim, por ser assim, é o mesmo que uma planta” (Metafísica, livro IV, capítulo 4)

Análise de filme. A Excêntrica Família de Antônia

Antônia, a protagonista do filme, é a personagem mais jovial, alegre e um quanto hedonista na busca do prazer como estilo de vida. Aceita determinações de familiares e amigos congregando todos eles embaixo do mesmo teto. Antônia não reclamou quando sua filha, Daniele, clamou por ajuda para “trazer um filho ao mundo”. Muito pelo contrário. Ajudou-a em tudo, até na busca do “pai” da criança. Antônia pouco se preocupa em tentar entender o sentido das coisas, simplesmente vive buscando sempre felicidade e harmonia. Aristóteles buscava sempre captar a realidade de forma unitária, no campo do mundo real onde o homem está inserido. A Escola Aristotélica contrariara a ideia platônica que via nas paixões humanas como negativas e que estas precisavam ser controladas pela razão. Para ele, as paixões humanas não são nem boas e nem ruins. Ruim é quando as paixões são viciosas, isto é, quando estão em excesso ou em falta. Ter raiva de alguém não é ruim, por exemplo, pois ruim é aplicar em determinada situação mais raiva do que o necessário ou menos raiva do que o necessário. Nesse sentido, Aristóteles pensa que virtude é encontrar uma justa medida entre o excesso e a falta das paixões. Agir corretamente é um treino constante de dosar corretamente as paixões. Antônia, muitas vezes, exagera nesta forma de felicidade, caraterizada pela Escola Estoica.

O “padre que abandona a batina” e decide forma uma família com Leta, com quem tem 12 filhos, é mais um personagem que se encara neste hedonismo, talvez influenciado pelo estilo de vida de Antônia.

“Dedo Torto” é um amigo da família de Ântonia há muito tempo que vive recluído entre livros. Dedica-se praticamente o tempo todo à leitura. “Dedo Torto” não acredita em religião que, segundo ele, “restringe o intelecto das pessoas”. Terese. “Não é triste que nada existe?”, disse Terese a Antônia após a cena do diálogo com “Dedo Torto”. Platão apontava que o mundo material é um mundo “decaído e alienado, uma reprodução imperfeita, uma imitação mal feita, uma participação ilimitada de um mundo ideal, perfeito, eterno, incorruptível, divino, o mundo das ideias” (Mondina, 2010, p. 226). A lógica do personagem, uma vida triste e imperfeita, se vê na escola platônica. “Dedo Torto”, busca a verdade através do conhecimento de pensadores e filósofos diariamente.

Filha prodígio de Daniele, Terese protagoniza o segundo momento do filme com seu excesso de vontade ao conhecimento. Não acreditava sequer no casamento. Na cena que divide a cama com Simon, filho de Leta, Teresa questiona as paixões e o amor físico. “Casamento seria bobagem, não posso te dar atenção. Mas a gente transa tão bem, não acha? Por isso mesmo”. Enquanto Platão pregava o amor ao conhecimento como forma de alcançar o mundo das ideias, deixando para um segundo plano as paixões terrenais, a Escola Racionalista “via na razão, na pura racionalidade, o elemento caraterístico da subjetividade humana” (Severino, 2000, p. 37).

Bisneta da protagonista e narradora do filme, Sara, questiona constantemente o fim da vida. Sempre tratando o assunto da morte com sua mãe, Terese, e o amigo da família, “Dedo Torto”. A cosmologia e a vida da escola jônica pode ser identificada pela pequena Sara quem, a partir da observação, tira suas próprias conclusões. Nesta escola, o homem apenas como um ser entre os outros que constituem a natureza.

Podemos também afirmar que o Iluminismo se vê caraterizado no relacionamento de “amor platônico” entre “Dedo Torto” e Terese pois é na busca constante do conhecimento que o homem se emancipa da superstição e dogmas, progressando intelectualmente.

Título do filme. Porquê da “excentricidade”. A excentricidade da família de Antônia, como indica o título em português, refere-se ao comportamento pouco usual dos seus membros. No vilarejo em que residem após o falecimento da matriarca todos questiona o “modus vivendus” da família comandada por Antônia, causando amor e ódio em todas as cenas. Esta dicotomia produto de comportamentos diferentes do “normal”, torna a família de Antônia, excêntrica.

O comportamento não-usual da protagonista quem vive um relacionamento com um fazendeiro fugindo da moral cristã do casamento enquanto instituição entre homem e mulher, a imaginação de Daniele e sua neta Sara, que imaginam acontecimentos fora da realidade e enxergam pessoas falecidas, o “intelecto” prodígio da jovem Terese descrevem um pouco a excentricidade a que o diretor do filme se refere no título da obra.

Educação na Grécia Antiga

Pedagogia Socrática. Sócrates defende a fé na razão e a convicção de que existe uma verdade invariavelmente válida onde o homem tem que se voltar para si mesmo. Levar as pessoas sabedoria e a pratica do bem através do autoconhecimento é o objetivo de Sócrates. A pedagogia socrática nasce das reflexões sobre a natureza e o verdadeiro sentido da educação.

Escola de Platão. Para Platão, a educação tem como único objetivo a formação moral do homem com forte influência do Estado, que representa a ideia de justiça. Na pedagogia platônica a formação do homem moral se dá dentro do estado justo pois Platão defendia que os Governo deviam ser administrados por pessoas de grande sabedoria. E educação funciona como um filtro onde os alunos com maior potencial estudam para ser tornarem governadores. Platão defendia a tese de não transmitir conhecimentos aos alunos e sim incentivá-los a buscar respostas por si próprios através de conversação e debate rejeitando, deste modo, a educação padrão que se oferecia na época.

Aristóteles. Ao contrário de Platão que considerava o Estado o principal responsável pela educação, Aristóteles apontava que a família é o núcleo inicial da organização das cidades e primeiro estágio de educação. O dever do Estado era regular e vigiar o funcionamento das famílias garantindo que as crianças tivessem saúde e consciência das suas obrigações cívicas. A educação serve para formar um cidadão para a vida pública praticando a virtude, ou seja o equilíbrio justo a partir das disposições naturais, os meios para aprender e o hábito dos bons costumes éticos. Para Aristóteles o objetivo da educação é a felicidade ou o bem no funcionamento da parte mais elevada da natureza humana: a razão.

Educação. As Universidades. Na maioria das cidade a educação era privada sendo o “ginásio” (centro de cultura física e intelectual), a escola típica grega. Escolas de Retórica, fundadas por sofistas, eram combatidas por Sócrates e Platão. Treinavam os alunos para a oratória. Escolas de Dialética e Filosofia tratavam questões de metafísica e ética onde estudantes se reuniam em torno a Platão, Aristóteles e outros para debater os diferentes assuntos. As Universidades de Atenas e Alexandria surgiram na união das escolas citadas anteriormente.

Diferença entre Humanismo e Renascimento

O humanismo está diretamente ligado ao Renascimento desde a sua origem como consequência de acontecimentos que marcaram a segunda parte da Idade Media como o desenvolvimento do comércio (a partir da invenção da moeda), o crescimento das cidades em detrimento da zona rural, as universidades e bibliotecas a partir da invenção da impressão tipográfica de Gutemberg.

O homem no centro da discussão científica e filosófica substituindo o teocentristmo (teo = Deus) da Idade Média e o Cosmos na Antiguidade é a caraterística mais marcante do Humanismo. O homem volta a ocupar o lugar central do pensamento, por isso vários autores chamam esta época de “humanismo renascentista” a partir da retomada de antigas obras gregas e romanas na literatura e artes plásticas.

No Século V se utilizou o termo “humanismo” para descrever o tipo de educação e formação intelectual do homem relacionado geralmente à poesia, à retórica, à história e à filosofia. Segundo Paul Oskar Kristeller o humanismo seria a parte literária do Renascimento. Já Eugenio Garin afirma que estes humanistas desenvolveram um novo sistema de filosofar, isto é, pensar e resolver problemas do homem.

Humanistas se valeram do “sincretismo ideológico” a partir de filósofos e pensadores diversos como Hermes, Persas, Davi, Moises, Paltão, Pitágoras, Maomé, Cabalistas, Zaroastro, São Paulo, Aristóteles e Santo Agostinho com um único objetivo: elevar o homem acima de todas as coisas pos “nada havia de mais admirável do que o próprio homem”.

O Renascimento é o movimento cultural que quebra os paradigmas do Teocentrismo na história do pensamento ocidental. Este movimento, de ordem artístico, científico e cultural marca a passagem da Idade Média para a Idade de forma gradativa abraçando também artes plásticas e ciências. Podemos afirmar que o Renascimento se vale dos ideiais humanistas e os decodifica nas artes, letras, ciências e filosofia.